O
que a historia registra é que um fabricante de órgãos, o alemão
Christian Friedrich Ludiwig retém para si o direito maior de ser o
inventor da Harmônica. Ocorreu
que por volta de 1820, Ludiwig viajava pelos diversos países da
Europa como afinador de órgãos e pianos. Para realizar seu trabalho
necessitava de um diapasão prático e de fácil transporte. Então,
idealizou um pequeno instrumento composto de por uma placa metálica
onde estavam aplicadas 12 palhetas metálicas de diferentes
comprimentos e afinadas de maneira que pudessem reproduzir os 12 tons
da escala cromática. Esta placa de metal foi aplicada sobre um
cavalete de madeira dotado de 12 canais que permitiam conduzir o
sopro diretamente a cada uma das palhetas. Ele chamou seu instrumento
de Aura, e ficou maravilhado ao perceber que havia criado um
instrumento exótico, pois além da reprodução da escala cromática
ele conseguia também, com alguma habilidade, reproduzir música. Com
algumas alterações na distribuição das vozes e permitindo a
alternativa de emitir sons soprados e aspirados foi finalmente
inventada a Gaita, chamada de Harmônica em razão da possibilidade
de reproduzir também grupos de 2, 3 ou 4 vozes simultaneamente,
formando acordes. Conhecida
como “Eolina” a Harmônica popularizou na Europa. Durante muito
tempo as senhoras a usavam como pingente no pescoço, e os
cavalheiros adaptavam- na ao castão (cabo) da bengala.
A
Harmônica de Boca foi criada na condição de um instrumento
diatônico, sem a possibilidade de reproduzir a escala cromática, A
Harmônica Cromática é um instrumento muito recente, desenvolvido
em 1918 pelo harmonicista russo “Borrah Minevitch”, líder da
famosa orquestra de gaitas chamada “Harmônica Rascal’s”, para suprir a falta dos doze tons em um mesmo instrumento. Os registros da Orquestra dos Harmonica Rascal's exploram os mais diversos tipos de gaita, gaitas de acordes, gaita baixo, gaita slides, gaita cromática, gaita diatônica entre outras tornando este material muito rico e instrutivo sobre a harmônica e suas vertentes.
Por
muitos anos a harmônica foi negligenciada como instrumento musical,
até mesmo tratada como um brinquedo, conhecida popularmente como
gaita de boca ou simplesmente gaita. Na região norte e nordeste foi popularizada e ainda é muito conhecida como Realejo. Em Portugal é chamada de Harmônica de Beiços e em outras
regiões da Europa particularmente na França é tradicionalmente
tratada como Harmônica.
Superados
alguns preconceitos, atualmente a gaita tem conseguido reconhecimento entre o grande público e até mesmo entre
conceituados músicos, tendo inclusive adentrado às salas de
concerto. Entre os grandes músicos e renomados maestros, já
compuseram peças musicais para este instrumento, nomes como por exemplo, Radamés Gnattali e
Heitor Villa-Lobos, pioneiros no que se refere à
composição de concertos para Harmônica de Boca e Orquestra.
Na
verdade, muitos entre os músicos mais conceituados não conhecem
muito bem as potencialidades da Harmônica de Boca. As
gaitas imitam pios de aves, locomotivas, outros instrumentos, etc. nos rendendo algumas historias. Como a do consagrado e virtuoso da Harmônica, John Sebastian diante de um
auditório seleto de músicos europeus pôs a tocar uma gravação e
pediu para que identificassem o instrumento solista. As opiniões as
mais diversas: um oboé, diziam alguns; outros identificavam com uma
viola do período de Bach; outros sugeriram que era uma cornamusa
(gaita de foles); e assim as opiniões sucederam, todos ficaram
surpresos ao saber que se tratava da Harmônica de Sebastian. Em
outra ocasião um explorador do Alto do Amazonas diz que uma gaita
salvou sua vida, pois ameaçado por índios hostis, começou a tocar
e os índios acalmaram-se e sorriram, encorajando-o a continuar. “O
estranho”, disse ele, “é que preferiram Mozart”.
(Matéria
baseada no texto da apostila de Harmônicas do Arquiteto do Vento, o grande
mestre Ullysses Cazallas)