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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

História e historias da Harmônica

A historia não defini bem a origem da harmônica de boca. Sabemos que tradicionalmente os principios da gaita teve seu aparecimento há aproximadamente 5.000 anos (3.000 A.C) na China, durante o Império de Huang-Ti. O Imperador Huang-Ti construiu um instrumento chamado Sheng, que significa voz sublime, este instrumento reproduzia um pouco mais de duas alturas da escala musical chinesa constituída por cinco graus. Mais tarde, durante o século XVIII, um viajante chinês levou o Sheng para a Europa Ocidental. A partir deste período o tradicional instrumento chinês sofreu diversas modificações em sua estrutura e nos materiais de sua fabricação, o que gerou novas idéias que permitiram o aparecimento de outros instrumentos musicais entre os quais a Flauta de Pan. Muito difundida até hoje na Europa a Flauta de Pan é também muito popular em outros países e especialmente usada na música andina onde é conhecida pelo nome de Zampoña. Outras modificações possivelmente sobre a Flauta de Pan possivelmente conduziram ao aparecimento de um instrumento que mais tarde gerou a Harmônica de Boca. Até hoje a paternidade da Harmônica é disputada entre Inglaterra, Áustria, França e Alemanha.



O que a historia registra é que um fabricante de órgãos, o alemão Christian Friedrich Ludiwig retém para si o direito maior de ser o inventor da Harmônica. Ocorreu que por volta de 1820, Ludiwig viajava pelos diversos países da Europa como afinador de órgãos e pianos. Para realizar seu trabalho necessitava de um diapasão prático e de fácil transporte. Então, idealizou um pequeno instrumento composto de por uma placa metálica onde estavam aplicadas 12 palhetas metálicas de diferentes comprimentos e afinadas de maneira que pudessem reproduzir os 12 tons da escala cromática. Esta placa de metal foi aplicada sobre um cavalete de madeira dotado de 12 canais que permitiam conduzir o sopro diretamente a cada uma das palhetas. Ele chamou seu instrumento de Aura, e ficou maravilhado ao perceber que havia criado um instrumento exótico, pois além da reprodução da escala cromática ele conseguia também, com alguma habilidade, reproduzir música. Com algumas alterações na distribuição das vozes e permitindo a alternativa de emitir sons soprados e aspirados foi finalmente inventada a Gaita, chamada de Harmônica em razão da possibilidade de reproduzir também grupos de 2, 3 ou 4 vozes simultaneamente, formando acordes. Conhecida como “Eolina” a Harmônica popularizou na Europa. Durante muito tempo as senhoras a usavam como pingente no pescoço, e os cavalheiros adaptavam- na ao castão (cabo) da bengala.
Mas a verdadeira paixão pela gaita teve inicio quando um viajante levou um destes instrumentos para a pequena cidade de Trossingen, na orla da Floresta Negra, na Alemanha. Mathias Hohner, um modesto, mas hábil relojoeiro ficou entusiasmado com o timbre sonoro daquela gaita e resolveu fabricar artesanalmente alguns instrumentos. Em 1857 conseguiu produzir 650 unidades, e em poucos anos conseguiu exportar as primeiras gaitas para os Estados Unidos. Vinte anos depois a produção da fábrica Hohner atingiu mais de um bilhão de harmônicas, e em 1887 a fábrica empregava 400 operários. Em 1902 quando Mathias Hohner faleceu, legou a seus filhos uma indústria com produção anual de sete milhões de gaitas. Mathias Hohner nunca se interessou em tocar harmônica, mas dedicava-se em produzir instrumentos de alta qualidade e orgulhava-se ao ser chamado de “Stradivarius da Harmônica”.


A Harmônica de Boca foi criada na condição de um instrumento diatônico, sem a possibilidade de reproduzir a escala cromática, A Harmônica Cromática é um instrumento muito recente, desenvolvido em 1918 pelo harmonicista russo “Borrah Minevitch”, líder da famosa orquestra de gaitas chamada “Harmônica Rascal’s”, para suprir a falta dos doze tons em um mesmo instrumento. Os registros da Orquestra dos Harmonica Rascal's exploram os mais diversos tipos de gaita, gaitas de acordes, gaita baixo, gaita slides, gaita cromática, gaita diatônica entre outras tornando este material muito rico e instrutivo sobre a harmônica e suas vertentes. 






Por muitos anos a harmônica foi negligenciada como instrumento musical, até mesmo tratada como um brinquedo, conhecida popularmente como gaita de boca ou simplesmente gaita. Na região norte e nordeste foi popularizada e ainda é muito conhecida como Realejo. Em Portugal é chamada de Harmônica de Beiços e em outras regiões da Europa particularmente na França é tradicionalmente tratada como Harmônica. 
Superados alguns preconceitos, atualmente a gaita tem conseguido reconhecimento entre o grande público e até mesmo entre conceituados músicos, tendo inclusive adentrado às salas de concerto. Entre os grandes músicos e renomados maestros, já compuseram peças musicais para este instrumento, nomes como por exemplo, Radamés Gnattali e Heitor Villa-Lobos, pioneiros no que se refere à composição de concertos para Harmônica de Boca e Orquestra.
Na verdade, muitos entre os músicos mais conceituados não conhecem muito bem as potencialidades da Harmônica de Boca. As gaitas imitam pios de aves, locomotivas, outros instrumentos, etc. nos rendendo algumas historias. Como a do consagrado e virtuoso da Harmônica, John Sebastian diante de um auditório seleto de músicos europeus pôs a tocar uma gravação e pediu para que identificassem o instrumento solista. As opiniões as mais diversas: um oboé, diziam alguns; outros identificavam com uma viola do período de Bach; outros sugeriram que era uma cornamusa (gaita de foles); e assim as opiniões sucederam, todos ficaram surpresos ao saber que se tratava da Harmônica de Sebastian. Em outra ocasião um explorador do Alto do Amazonas diz que uma gaita salvou sua vida, pois ameaçado por índios hostis, começou a tocar e os índios acalmaram-se e sorriram, encorajando-o a continuar. “O estranho”, disse ele, “é que preferiram Mozart”.

Nos dias de hoje temos a Harmônica como um instrumento que vem se disseminando e crescendo cada vez mais, tendo técnicas como o cromatismo da diatônica blues que explora as possibilidades desse instrumento, possibilitando novas sonoridades e recursos, assim a Harmônica se mostra um instrumento com possibilidades ainda a serem descobertas e ainda muito a contribuir a musica e a arte. Tendo grandes artistas em seus quartel que levam o instrumento ao grande publico através dos Blues Tradicionais, Musicas Folclóricas e Popular de cada Pais e Região.
 

 

(Matéria baseada no texto da apostila de Harmônicas do Arquiteto do Vento, o grande mestre Ullysses Cazallas) 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

A procura da gaita perfeita

 Nestes 11 anos com a gaita, destes pouco mais de quatro anos como colaborador na fábrica Bends Harmônicas e seis como professor, tive a oportunidade do contato com diferentes artistas com os mais diversos gostos, estilos e técnicas, pode avaliar através do serviço que prestava diferentes preparações (setups) para uma harmônica, seus estilos e técnicas, cada uma atendendo ao gosto e estilo de seu artista, na busca pessoal dele do seu timbre, da sua “harmônica perfeita”.
Ainda dentro da Bends publiquei uma primeira matéria sobre este conhecimentos adiquiridos, editada pela equipe de marketing e publicada no Bends Acontece, pagina de noticias e informações no site da Bends, hoje retorno a esta matéria que é um pouco da minha história, nesta com mais estrada, experimentos e vivência no curriculo.



Temos como meta assim que começamos na música ter alguém como referência, um ou alguns artistas/bandas e suas características, que tomamos como base do nosso desenvolvimento, tentando assim se utilizar dos mesmos equipamentos, na busca daquele som, coisa nem sempre possível, principalmente na gaita, que tem muito do fisiológico de cada um, ou seja, o mesmo equipamento terá diferentes reações de acordo com cada um, portanto, é ideal procurarmos nos equipar com algo que nos satisfaz e que ofereça conforto. Como experimentando, tocando, vivenciando, utilizando o equipamento daqueles que nos inspiram como ponto de partida e em diante compondo nossa estrutura ao timbre e sonoridade que almejamos.



 Um som aveludado, rasgado, brilhante, timbres diferentes que podem caracterizar seu estilo nas mais distintas formas; para tais, temos gaitas com corpo de gaveta ou pente; de madeira, acrílico, metal, ABS e cada dia mais materiais; com tampas nos mais diferentes formatos, além de palhetas com diferentes materiais como latão, aço e bronze; bocais altos ou baixos, redondos ou quadrados; variadores revestidos ou não.
E podem acreditar: tanto na cromática como na diatônica, cada detalhe desses pode influenciar em seu som. Gaitas de pente costumam ter um som mais aberto, enquanto as de gaveta possuem um timbre aveludado; o bronze gera um som mais cheio e o latão, por sua vez, é mais brilhante; bocais mais altos podem ajudar a firmar melhor a embocadura, e os baixos proporcionam respostas rápidas e maior agilidade.


Tampas mais fechadas ajudam na hora de abafar o som e buscar graves mais profundos; as mais abertas auxiliam em um som mais brilhante. Além disso tudo, há os detalhes de off-set e afinação, que são de extrema importância na formação e refinação de nosso som. Para aqueles que tocam forte, off-set mais aberto. Aos que preferem um som mais suave ou maior agilidade, off-set mais fechado, além de ajustes para variadas técnicas; afinações especiais que podem dar um brilho a mais ao seu estilo ou determinado tema, e por aí vai.
Agora você imagina a infinidade de sonoridades que podemos conseguir misturando cada um desses ingredientes. É importante experimentar muito e conhecer diferentes modelos, ter o trababalho luthier(preparador) para nos oferecer preparos e ajustes para refinar o som, possibilitando montar um arsenal com poderosas gaitas que nos que leve a alcançar o máximo de expressão e sonoridade nos mais variados timbres.

Paulo Eduardo – matéria original abril/2011 - edição fevereiro/2015